Carlos Muniz
O OLHAR ABSTRATO
Artista mineiro, de percurso internacional, Carlos Muniz desenvolve uma linguagem visual voltada para a cor. Carlos estabelece diálogos cromáticos, frontais, vigorosos e vibrantes. Sua expressão é substantiva, apenas o essencial - o importante é saber desvencilhar-se do supérfluo, como ressaltava o arquiteto Oscar Niemayer.
O espaço se estrutura nos confrontos entre as zonas de cor/forma. O artista estabelece confrontos convergentes, agregadores. Tensos mas não conflitantes. O branco do papel ganha protagonismo se interpondo entre as zonas de cor, ou como espaço construído, em si mesmo. O espaço conquistado pelo branco do papel adquire em alguns trabalhos força equivalente ao conjunto dos espaços cromáticos. Até mesmo um poderoso preto, em conluio com o cinza, são contidos pela “musculatura” das zonas de branco.
A expressão geométrica na arte brasileira teve grande predomínio na década dos anos 50 e, mesmo, na década seguinte a geometria manteve presença marcante na construção da linguagem da nova figuração.
Vale destacar a obra de Raymundo Collares (1944- 1986), conterrâneo de Carlos Muniz. Sem dúvida, podemos estabelecer parentesco entre as duas poéticas visuais, apesar de trilharem caminhos diferentes.
FÁBIO MAGALHÃES
